Prisioneiros dos sistemas legados?

As seguradoras enfrentam o velho desafio de se renovarem ou morrerem para satisfazer as necessidades cada vez mais específicas dos seus clientes e se manterem competitivas. Um dos pilares desta atualização é a arquitetura dos sistemas informáticos, um verdadeiro cavalo de batalha, que pode trazer inegáveis vantagens competitivas… ou o oposto.

Este capítulo inclui um conjunto de estruturas e componentes informáticos que não só determinam o funcionamento atual dos sistemas, como também influenciam a capacidade de adaptação às mudanças na tecnologia e/ou no negócio. Desempenham um papel crucial, quer na prestação de serviços, quer na gestão de riscos. Muitas vezes de forma silenciosa, camuflada, mas sendo a espinha dorsal do funcionamento da complexa engrenagem de uma companhia de seguros.

Falar de sistemas legados é frequentemente associado a tecnologias antigas, obsoletas, de manutenção com custos elevados. Apresentam fraquezas no contexto da transformação tecnológica.

• Falta de agilidade – Os sistemas legados são muitas vezes pouco flexíveis e pouco preparados para mudanças e inovações (impacto negativo no tempo de comercialização.
• Complexidade nas integrações – A falta de orientação a API e web services complica muito a interoperabilidade com sistemas internos e de terceiros.
• Custos de manutenção – Os sistemas legados consomem tempo e recursos (também escassos) que poderiam ser canalizados para a inovação. No caso do core, é necessária uma adaptação constante aos novos requisitos.
• Ciberameaças – A vulnerabilidade de sistemas mais antigos, com inúmeras camadas de atualização, é geralmente maior porque a gestão dos mesmos se torna extremamente complicada.
• Atraso na adoção da GenAI – A exploração em casos de uso da GenAI será fortemente condicionada pela correta adequação de uma infraestrutura de dados e sistemas para que não seja um elemento de bloqueio.

Neste contexto, as seguradoras podem adotar as seguintes estratégias.

1. “Ir andando”: Esta frase é ouvida com demasiada frequência. O barco continua a navegar e, embora ocorram inundações, realizam-se trabalhos de drenagem da água.
2. Abordagem incremental: A modernização – normalmente com recursos internos – é abordada de forma gradual, começando pelos sistemas e aplicações que apresentam o menor risco operacional e trazem maior lucro ao negócio.
3. Parceria estratégica: Procurar fornecedores especializados para fornecimento de soluções adaptadas que libertem recursos internos e garantam continuidade e evolução ao longo do tempo.

Optar por uma renovação profunda dá vertigens, é compreensível. Isto significa que, em muitos casos, este tipo de decisão é adiado.

É aqui que a organização precisa de verdadeiros líderes “transformacionais”, que vejam para além do problema de amanhã ou depois de amanhã, que vejam a oportunidade (em alguns casos, a possibilidade de sobrevivência) que se oferece a médio/longo prazo.